Nunca fui um amante de Poesia. Mas um dia juntei-me à família para oferecer ao meu Pai uma grande obra que juntava os trabalhos de António Gedeão, seu Poeta de eleição. Foi folheando essa prenda de aniversário que logo nas primeiras páginas encontrei - Impressão Digital.
Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!
António Gedeão
in "Movimento Perpétuo", 1956
Daí em diante nunca mais esqueci estas palavras que, nas diferentes áreas da vida, me ajudam a tentar ser... D. Quixote nas coisas boas e Sancho perante as adversidades.
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