5 minutos para as 7h e paro o carro no lugar de sempre, o primeiro à direita de quem está virado para a porta do edifício central. Desligo o rádio, as luzes e retiro do banco de trás o material para dar lição. Ele chega praticamente em simultâneo e lá nos dirigimos para o Ginásio. Abrimos os estores, acendo as luzes e iniciamos as primeiras corridas do aquecimento para a lição.
Enquanto corremos recuamos no tempo, à 8 ou 9 anos atrás iniciávamos o nosso percurso naquele mesmo espaço.
(...) O professor novo de Educação Física estava a dar esgrima na Escola e os miúdos tinham aderido em massa. Cerca de 40 tinham comparecido na primeira aula e esgrimiram tanto quanto puderam manuseando 2 floretes e 8 rolos de jornal. 1 ano mais tarde o grupo tinha estabilizado em cerca de uma dúzia de praticantes assíduos, onde ele se destacava pelo sistemático fato de treino castanho com uma banda laranja de lado e um anel tipo "cachucho" que exibia numa das mãos. Do desporto escolar avançou para os treinos no Clube aproveitando uma boleia de outro miúdo que também seguira as mesmas pisadas. (...)
Quando recordamos as coisas por onde passámos falta-nos tempo para enumerar tantos momentos, uns bons, outros nem tanto... mas lá seguíamos o nosso caminho cruzado pela esgrima. Um caminho que hoje nos torna treinador/atleta, colegas de trabalho, amigos, família.
Quando por vezes pensamos nas dificuldades em avançar no mundo do desporto, em construir alguma coisa e procurar cada vez mais e melhor, talvez seja bom observar alguns exemplos de persistência e dedicação.
À 9 anos foi uma boleia que o levou da esgrima escolar para a nacional. Hoje é o seu esforço que lhe permite arrancar sozinho a caminho da Suécia, tentando saltar da esgrima nacional para a internacional...
Caro amigo, desde já parabéns...e boa prova.
PS - A lição de hoje correu bem mas, infelizmente, lá partimos mais uma espada. Contingências da vida de esgrimista.
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