No ano em que comecei a dar aulas na Escola tinha um aluno de 8º ano que se chegou ao pé de mim numa aula de ginástica onde íamos saltar no mini-trampolim e disse que eu podia contar com ele para o ajudar. Agradeci a ajuda e mandei-o para a fila para o pé dos outros…
(Claro que falta aqui um dado muito importante para poderem perceber a história. O aluno tinha uma prótese numa perna a partir ali da zona do joelho e a tarefa avizinhava-se intransponível mas, como era um aluno aplicadíssimo prontificou-se imediatamente não só a colaborar na aula como a chamar-me à atenção de forma muito disfarçada face à minha “distração”…).
… com ar de espanto ainda tentou explicar que, por causa da perna não poderia fazer mas, como não lhe dei grande importância, lá seguiu par a fila.
Coloquei a cabeça do plinto ao lado do mini-tramplim e, após o salto do colega da frente rapidamente colocávamos aquela plataforma mais elevada antes do mini. Dávamos-lhe as mãos só para o ajudar a passar da corrida de balanço para a plataforma e depois já chegava ao mini vindo de cima o que lhe permitia cair (e não saltar) sobre a zona de salto e ter elevação para o seu movimento.
O ano foi decorrendo e fomos avançando nos saltos de mini-tramploim. Quando chegámos ao final, este aluno, com auxílio da dita plataforma, já conseguia fazer um salto-mortal.
Foi no dia em que conseguiu pela primeira vez fazer o mortal que me presenteou com um dos maiores sorrisos que alguma vez tive o privilégio de assistir. A sua satisfação era tão grande que nem cabia nele. Foi então que percebi que, tendo escolhido ser professor, o mais provável era nunca vir a ser lá muito bem pago mas existiam nesta profissão outros vencimentos, daqueles inquantificáveis.
Isto tudo apenas para mostrar este bocadinho de fotografia de ontem:

Para quem pensa que a verdadeira medalha está pendurada ao pescoço naquela fita verde e vermelha, observe com atenção… do pescoço para cima.
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