A poucas horas do início de mais um Ciclo Olímpico (estou a escrever às 17h30) avizinha-se a entrada num período sempre delicado do Desporto Nacional.
Impulsionados pela emoção dos Sucessos Olímpicos, presenciados nos últimos 16 dias, a tentação de copiar “modelos” (dos quais não conhecemos detalhes) é perigosamente inevitável na procura de encontrar rapidamente um caminho mais certo.
Como estruturar o trabalho das Seleções?
- Concentrado em Centros de Treino como fazem por exemplo os Chineses na quase totalidade (ou mesmo na totalidade) das modalidades?
- Num sistema misto de trabalho em Clubes e concentrações periódicas como faz por exemplo a Esgrima Italiana?
E quem o deve dirigir?
- Treinadores Internacionais de reconhecido prestigio (contatados já nessa condição) como fez por exemplo a Canoagem Nacional?
- Treinadores qualificados (nacionais ou internacionais) como fez por exemplo a Esgrima Espanhola em Espada?
E com que precocidade “puxar” pelos Atletas (respeitando as diferenças entre as modalidades claro)?
- Da piscina emergiram nadadoras de 15, 16 e 17 anos com desempenhos verdadeiramente impressionantes (e aqui destaco a Americana Franklin, que mais do que as 5 medalhas que ganhou, conquistou uma delas com record do Mundo apenas 7 minutos após uma meia final de 200 metros onde alcançou lugar para a final) mostrando que bem cedo se pode estar no top.
- Na ginástica, modalidade histórica de especialização precoce, verificou-se uma subida significativa da média de idades (por exemplo na rítmica a média das finalistas esteve acima dos 21 anos) mostrando que a idade adulta não é condição de saída do top.
Estas e muitas outras questões são mais do que legitimas nos períodos de excelência de reflexão com vista ao futuro, mas não se iludam que não há respostas certas, pois tal como nos exemplos enunciados, procurei apresentar casos de sucesso num e noutro modelo, demonstrando que várias são as possibilidades de caminhar na direção do sucesso.
Mais que tudo não podemos cometer o “erro” (opinião pessoal claro) de pensar que vamos amanhã construir 2016. 2016, para quem o tem como objetivo , entra amanhã no seu último terço. Para 2016 podemos apenas melhorar/reorientar as estratégias já iniciadas e em fase de consolidação.
Já no trabalho com vista a 2020 e 2024, para quem o estiver a iniciar “amanhã”, ou que tenha já dado os primeiros passos “ontem”, se podem produzir transformações significativas na estrutura de trabalho procurando novas soluções.
O Desporto de Alto-Rendimento não tem atalhos.
Se é verdade que em 2012 três nadadoras de 15, 16 e 17 anos brilharam ao mais alto nível, não nos podemos esquecer que elas são casos excecionais (milhares de nadadores de competição destas idades por esse mundo fora estão a léguas destes desempenhos).
Se é verdade que os atletas Chineses são do melhor que há, treinando em sistemas fechados de Centro de Treino, devemos também observar que a Grã-Bretanha treinou desta forma a sua equipa de Ginástica Artística masculina sem resultados, chegando mesmo a não se fazer representar nos Jogos Olímpicos mudando depois para um sistema misto de treino de Clube e Estágios periódicos, chegando a um quase impossível Bronze Olímpico por equipas.
Se é verdade que alguns Treinadores Internacionais de créditos firmados foram apostas ganhas, como no caso da Canoagem Nacional, muitos outros, de idêntico nível, não foram sequer falados (pois, normalmente só conhecemos os casos de sucesso).
Há muitas caminhos certos para chegar ao sucesso… o difícil é percorrê-los.
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