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O fator limitante do Aluno. PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Diário do Nuno
Escrito por Nuno Frazão   
Quinta, 17 Julho 2014 19:30

No mundo do ensino, seja ele desportivo ou académico, é comum vermos o Treinador/Professor como o obreiro dos grandes desempenhos.

É deste sentimento que nascem as “discussões” sobre quem é bom e quem não o é ou, estupidamente, de quem é o melhor, como se a cargo deste “mágico” não estivessem, para além dos seus discípulos que se destacam pela positiva, também outros de menor rendimento sobre os quais também ele é o responsável.

Nas formações de Treinadores, ás quais estou ligado como preletor, tenho o hábito de abrir o tema apresentando o Treinador como o fator limitante do Aluno.

Não o faço com o objetivo de diminuir o valor do trabalho do Treinador, mas tão somente com o intuito de provocar a reflexão sobre um desempenho ao qual deve estar ligado um grande sentido de responsabilidade e de compromisso, perante o Atleta que nos escolheu como parceiro do seu percurso desportivo.

O Aluno entra neste processo com a matéria prima e com todo o potencial que lhe está associado e, a nós Treinadores, cabe-nos ajudar a moldar esta matéria prima retirando dela o que de melhor tem para dar, sem no entanto sabermos se alguma vez, por muito bom que esteja o produto final, estamos perto do limite das capacidades de todo o potencial existente.

Costumo utilizar um exemplo envolvendo uma montanha e um garimpeiro, onde a montanha é o nosso Aluno, cheio de pepitas de ouro no seu interior e o garimpeiro é o Treinador, que vai entrar naquela montanha à procura de trazer cá para fora as melhores pepitas. Por muito boa que sejam as pepitas encontradas, nunca o garimpeiro conseguirá saber se lá dentro, mais ou fundo, mais à esquerda ou mais à direita existe uma pepita ainda melhor, mesmo que este seja um excelente garimpeiro.

- Então, com este peso “negativo” de fator limitante do Aluno, como pode um Treinador conviver com os seus próprios erros? (Perguntam frequentemente os formandos quando concordam com esta diferente visão do Treinador.)

- Não há problema nenhum em errar, desde que esses erros sejam cometidos com o Treinador a fazer o seu melhor. Isto é, a tomar as decisões possíveis, com base na reflexão efetuada com os dados do momento. (leia-se: dados do momento = seu conhecimento + a sua experiência). Este é o erro que produz aprendizagem e que faz o Treinador avançar, ficando ele também mais capaz para continuar a caminhar com o seu Aluno.

Conheço um Treinador (por acaso até bem demais) que há um mês atras voltou para casa consciente que tinha limitado o desempenho do seu Atleta. Vinha triste e desalentado com esse facto, mas ciente que esse erro iria trazer efeitos positivos, pois, as suas decisões das quais se lamentava, tinham sido refletidas com os dados do momento.

O Atleta jogava numa zona de desconforto mas mantinha uma pequena vantagem no marcador. O Treinador sentia que o Aluno estava a controlar o marcador mas não o jogo e que o adversário iria descobrir a solução que iria fazer o jogo virar. Ao intervalo decidiu aconselhar o Aluno a sair daquele projeto onde, embora estivesse a ter êxito, as coisas iriam alterar-se e o jogo ia ficar depois muito difícil para voltar à liderança. O Aluno seguiu o seu conselho… mas o novo projeto permitiu a viragem no marcador e tudo saiu ao contrário com o adversário a liderar até ao final.

Encerrada a prova, o Treinador apercebeu-se que o Aluno tinha preferido ficar no projeto inicial pois sentia que conseguia ali resolver os problemas (o que na verdade estava a acontecer)…

O Treinador tinha tentado antecipar um problema e, não só criou outro como retirou o Aluno do projeto em que estava a confiar.

Este Treinador voltava assim para casa com um resultado aquém do desejado e com o peso adicional de ter dado expressão prática à sua condição de fator limitante do Aluno.

Consciente que o erro tinha sido cometido preservando a responsabilidade e o compromisso perante o Aluno, acompanhava-o a certeza que aquela tinha sido uma oportunidade para aprender e avançar um pouco mais.

Passado um mês, esse tal meu amigo (por acaso até amigo demais), voltou a uma prova com o seu Aluno. Nesse dia sabia que a sua ajuda teria que passar por dar confiança às decisões do seu Aluno, lendo o jogo com ele e não por ele.

Assim o pensou… assim o fez. Mantendo-se orgulhosamente seu fator limitante mas não o limitando no seu desempenho competitivo.

(Talvez no dia em que nas Escolas conseguirmos olhar para o nosso trabalho desta mesma forma, também os nossos Alunos possam encontrar um outro sucesso. Um sucesso onde os garimpeiros não tenham receio de procurar novos caminhos para encontrar as melhores pepitas naquelas difíceis montanhas.)

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