Não considerando aquela fase inicial (mais prolongada nuns, menos prolongada noutros… e eterna nalguns), onde todos os treinadores estão cheios de certezas e verdades e se consideram a grande mais valia do produto dos seus melhores atletas (e sempre apenas dos melhores), o treinador tem pela frente a responsabilidade de dar o seu máximo em prol de uma parceria assumida com o(s) atleta(s), no momento em que aceitou integrar o seu projeto desportivo.
Ser treinador é aceitar ser o fator limitante do atleta. Um conceito que em nada diminui o - ser treinador -, muito pelo contrário, assim este dê o seu melhor dia após dia.
A inconsciência com que muitas vezes se dizem expressões como – “Este atleta está no limite das suas capacidades“, ”Este não dá mais que isto.”, “Não tem capacidade para mais – é fruto de uma postura onde o treinador se coloca num lugar privilegiado onde é responsável pelo método (correto claro) e o aplica a uma capacidade (normalmente insuficiente e limitada).
Treinar alguém é fazer parte do processo, com os nossos pontos fortes e com os nossos erros, potenciando um conjunto de capacidades ilimitadas.
Nesta fase já estamos disponíveis para melhorarmos o nosso desempenho. Planeamos melhor o trabalho do nosso atleta, procuramos formar uma equipa multidisciplinar (quando possível, ou seja… sempre que queremos, nem que através de uma capacidade criativa e ilimitadamente desenrrascante à “Tuga”) de forma a integrarmos as áreas da psicologia, nutrição, enquadramento médico, recuperação, etc., filmamos os seus desempenhos em competição e por vezes em treino (mesmo que enchendo-nos de dados que jamais teremos tempo de tratar e analisar),…
Damos o melhor de nós pelo desenvolvimento do nosso atleta… esquecendo-nos muitas vezes de treinar aquele que é o líder de todo o processo – O Treinador.
Planeamos o nosso trabalho? Não o que lhe vamos dar para fazer mas sim como lhe vamos dar para fazer – posicionamento, deslocamento dentro do espaço, linguagem corporal e verbal, frequência de feed-back…
Montamos a nossa equipa multidisciplinar? Conhecemo-nos melhor, desenvolvemos técnicas de controlo emocional, para aumentarmos a nossa eficácia? Controlamos a nossa alimentação e as nossas “mazelas” para estarmos mais saudáveis no momento de atuar?
Filmamo-nos ou gravamos a nossa voz?
Bem sei que a resposta é – Não temos tempo para tudo. Mas será que centrar todo o nosso tempo na aquisição do aluno (do pouco que temos para lhe dar) não é pior do que dividir o tempo de forma a que o que queremos que ele adquira seja cada vez melhor?
Num período em que o Mundo Futebolístico nos enche com o Melhor do Mundo disto e daquilo, é importante não esquecer que:
O bom treinador, tal como o bom atleta, é aquele que procura sempre melhorar e não aquele que trabalha para ser o melhor.
Enquanto estiver a melhorar, estará de certeza a caminho desse conceito (caso exista) de ser o melhor. Se lá chegará ou não… isso não é o mais importante.
E na Escola?... É igual.
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