Quando se cria algo, a intenção inicial é sempre boa. A intemporalidade que se atribui à sua duração e o nível de investimento que se mantém é que muitas vezes lhe retira o elemento que nunca deveria ser posto em causa – A Dignidade.
A 15 de Dezembro de 2007, noticiávamos no nosso site a primeira edição da Super-Taça de Esgrima:
“Decorreu esta tarde no Forte do Bom Sucesso a primeira edição da Super-Taça, prova que colocou em confronto os campeões nacionais e os vencedores do ranking nacional 2006/07. O evento teve inicio com a apresentação dos atiradores em florete e espada femininos e masculinos, momento que ficou marcado pela homenagem da FPE ao atirador Joaquim Videira e seu Treinador Mestre Helder Alves pela medalha do Mundial de Turim.
Débora Nogueira foi a primeira vencedora batendo Cátia Ferreira na Super-Taça Mestre Vinha em florete feminino, seguiu-se a Super-Taça Henrique da Silveira - espada masculina - com vitória para João Cordeiro face a Joaquim Videira. A Super-Taça Mestre Azinhais - espada feminina - contou com a participação da atiradora do Parede FC, Ana Celina Vicente, e foi ganha por Ana Cabral e, a fechar, João Gomes venceu David Oliveira na Super-Taça Mestre Herculano Pimentel em florete masculino.
A fechar, um beberete convívio com a entrega de prémios aos vencedores e a oferta de uma placa ao Engenheiro Fonseca Santos, em reconhecimento pela sua dedicação à Esgrima.”
Desta pequena notícia é fácil depreender os objetivos principais deste evento a quando da sua criação:
- Criação de um momento solene – como se pode verificar pela escolha do local, pela apresentação formal dos atiradores e pelas homenagens prestadas, tanto distinguindo desempenhos desportivos pontuais como dedicações ao longo do tempo.
- Preservação da história da modalidade – atribuindo a cada Super-Taça o nome de um Atleta ou Mestre de Armas de referência no passado da Esgrima Portuguesa.
- Distinção dos melhores entre os melhores – através da estrutura do evento desportivo em cada uma das armas.
- Promoção de convívio de gerações – através não só do momento desportivo em si mas do convívio final no beberete onde se entregaram os prémios.
7 anos volvidos e qualquer semelhança entre a Super-Taça referente à época 2013/2014, disputada ontem, e a de 2006/2007 é pura ficção.
Culpados? Penso que não será o mais importante, até porque, possivelmente, todos teremos tido culpa, embora uns com muito mais responsabilidade do que outros, desde os dirigentes que decidiram a realização da Super-Taça e não se fizeram representar na mesma, à equipa técnica responsável pela operacionalização do evento pela estrutura escolhida e pelos detalhes que faltaram, aos campeões que se deslocaram 800km e disputaram o assalto com entrega máxima, aos treinadores dos campeões que os incentivaram a participar quando já era visível que nada daquilo deveria estar a acontecer daquela forma, ao público que saiu depois da prova dos mais novos, aos mais novos que já não estavam e aos mais novos que estavam pois não tinham outra alternativa uma vez que regressariam de boleia com estes mais velhos.
Mais importante do que a culpa é a consciência de que as coisas não têm que acontecer a qualquer preço.
Ou há condições para se fazer como deve ser e de forma a cumprir os objetivos para os quais nasceu ou que haja coragem de, simplesmente, acabar com a Super-Taça…
…em respeito por todos os Campeões desde 2007 e por todos aqueles que se consagrarão daqui para a frente. Porque não há nada que tenha que existir a qualquer preço.
Comentarios
|