Caros Mundialistas,
Chegou a Páscoa.
Tempo de convívio familiar, ovos de chocolate, amêndoas e… Mundiais de Cadetes e Juniores.
Em 16 anos como esgrimista (com duas interrupções pelo meio) fui Mundialista 5 vezes, todas como sénior. Haia e Atenas nos anos 90, Nimes 2001, Lisboa 2002 e Havana 2003. Apesar de lutar em cada Campeonato com o objectivo da vitória, estas competições interferiram de maneira diferente no meu percurso como atleta, até porque as minhas condições técnicas, tácticas, físicas e psíquicas não foram as mesmas ao longo destes 12 anos.
Em Haia e Atenas tinha muito pouca experiência e tecnicamente estava longe dos requisitos internacionais, tendo estas competições contribuído essencialmente para o meu desenvolvimento. Em Nimes e Lisboa, não sendo um candidato aos primeiros lugares, sentia-me perfeitamente capaz de os disputar, pelo que digeri os resultados finais com alguma frustração. Quanto a Havana?... Bom, Havana já apareceu numa fase em que as coisas tinham perdido o sentido e a chama estava a apagar-se, e aí, por muito que nos apliquemos, falta sempre algo para o desempenho extra que já não conseguimos puxar de dentro de nós próprios.
Quando falo do passado, deste passado que conheço bem, porque o vivi de forma intensa, e do qual muito me orgulho, não o faço com aquela nostalgia de – “Ah no meu tempo é que era…”, “Ah… se no meu tempo…”. Olhar para o passado permite-nos melhorar o presente e prepara o futuro.
Hoje as oportunidades são outras (e ainda bem). Pode-se competir mais a nível internacional, começando em idades mais baixas, há centros de treino, os clubes têm melhores condições, há mais treinadores, há outra acessibilidade a materiais de qualidade, mas… é preciso utilizar todas estas condições. É preciso utilizá-las ao longo do tempo de forma consistente, num percurso que nos levará até onde as nossas capacidades, empenho, determinação e vontade o permitirem.
O número de atletas que esta semana partem para os Mundiais é um sinal claro de que a esgrima Portuguesa continua a avançar. O desenvolvimento de uma modalidade não se mede apenas pelos desempenhos desportivos (e alguns têm sido de excelência) e pelo número de praticantes mas também pelo potencial dos mais jovens.
É neste aspecto que penso que estes Mundiais nos abrem grandes perspectivas para o futuro. Para a Turquia parte muito potencial, mas ainda cá (aí, porque estou na Hungria) ficaram alguns jovens que seguramente irão fazer parte da história da Esgrima Portuguesa.
Claro que todos partem com um sonho… o seu Sonho. O resultado final não sei, dependerá do vosso valor face ao valor dos outros. O que sei é que, se cada um conseguir melhorar algo em si próprio (disciplina táctica, auto-controlo, etc.) sairá da Turquia Vitorioso e, seguramente, terá dado mais um passo em direcção ao seu Sonho.
Eu ao meu, chamei-lhe sempre… Sonho Olímpico.
Em guarda. Prontos? Boa prova para Todos.
PS - Um abraço especial à Sara, Filipe, Miguel e João Pedro.
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