“Considero que é difícil liderar equipas em Portugal – um país que não cresce por culpa do individualismo, da inveja e do pensamento negativo de quem nos lidera. O nosso principal “calcanhar de Aquiles” está relacionado com um problema de insatisfação permanente. Somos tradicionalmente insatisfeitos e isso torna-nos muito críticos de tudo e de todos. Revelamos um excesso de preocupação com o trabalho de quem está ao nosso lado e esquecemo-nos de concentrar esforços na construção do nosso próprio caminho. Além disso, temos muitos problemas em lidar com os êxitos dos outros. Entendemos que o sucesso alheio é o nosso insucesso. Em vez de ficarmos orgulhosos por termos em Portugal pessoas que vencem e levam o nome do País bem alto, vivemos numa ânsia doentia de ver ofuscado esse êxito. A verdade é que perdemos muitas horas das nossas vidas a cobiçar o que o outro tem, mas raramente estamos dispostos a trabalhar mais um minuto para poder chegar ao patamar que gostaríamos. É duro dizê-lo mas somos muito individualistas, até invejosos, e isso não nos tem permitido crescer. Por outro lado, não sabemos, nem queremos trabalhar em equipa. Nunca ninguém nos ensinou a funcionar em grupo e, talvez por isso vivemos concentrados no nosso umbigo. Em Portugal, as pessoas têm tendência para não ouvir os outros, vivemos centrados em nós próprios mas, paradoxalmente, não perdemos tempo a valorizar as nossas competências. Porquê? Porque somos pouco exigentes – vivemos no País do “quanto baste”. Depois, a somar a tudo isto, pensamos negativo. Quem nos lidera pensa negativo, passa informações negativas, estamos sempre a debater os mesmos problemas para os quais nunca encontramos soluções. O “não” deve ser a palavra que mais ecoa do Minho ao Algarve: somos habituados desde pequenos a ouvir que as coisas são difíceis, que não conseguimos, que não temos, que não nos deixam, que não devemos fazer, que não podemos inovar, ou que não é possível sermos ambiciosos. Parece até que está inscrito no nosso código genético a expressão: “Atenção, não podemos vencer.” Ora, este quadro mental depois transmite-se às equipas e às organizações em geral. Um líder que seja educado neste quadro, e viva condicionado por ele, acaba por passar essa lógica às equipas e os grupos ficam atrofiados na sua forma de encarar os desafios. É educacional? Claro que sim. Mas, cada vez que olho para a minha equipa e analiso tudo o que conseguimos até hoje, contra tantas adversidades, reforço as minhas certezas: Portugal pode vencer, basta querermos… todos!”
Tomaz Morais (Treinador dos “Lobos”, selecção nacional de rugby)
em “Compromisso: Nunca Desistir” – Outubro de 2006
Comentarios
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Mas pk é nos jovens k está a esperança,vamos lá ajudar-nos uns aos outros pr mudarmos esta realidade!! Contém comigo!
Em guarda prontos,começar!