Escrevo hoje, dia 29 de Agosto, porque esta é a data em que termino as minhas funções na Federação Portuguesa de Esgrima, trabalho que desenvolvi a tempo inteiro em regime de requisição do Ministério da Educação.
Antes de “responder” à pergunta natural de quem, só agora tomando conhecimento, pode estar a pensar – “… mas este indivíduo apresentou no início da temporada um projecto com um plano de desenvolvimento ao longo de 3 fases, que no total perfaziam 9 anos, e ao fim do primeiro ano já se vai embora!!!” – quero aproveitar para agradecer:
- O extraordinário empenho e dedicação de Todos os Atletas com quem tive o privilégio de trabalhar, quer ao nível dos treinos regulares, quer ao nível dos estágios – Juniores/Seniores e Campo Juvenil;
- A colaboração da Equipa Técnica da Federação – Directores Técnicos e Treinadores;
- A paciência e disponibilidade do Sr. Presidente e da Direcção da FPE.
Iniciei o meu trabalho fazendo um diagnóstico da situação actual da Espada em Portugal, quantificando o número de praticantes, idades, regularidade de prática competitiva e desempenho desportivo, cruzando esses dados com os modelos de trabalho utilizados ao longo dos últimos 20 anos.
Comparei ainda alguns destes dados com o contexto internacional, assim como efectuei o levantamento dos modelos de trabalho que se praticam nalguns dos principais países da Europa, nomeadamente Espanha, Hungria e Itália.
Por “fim”, e tendo por base a estrutura organizativa existente, criou-se um modelo de funcionamento que clarificou funções, responsabilidades, disponibilizou recursos e que foi apresentado aos clubes em Outubro. Quando aceitei integrar esta equipa de trabalho estava a assumir o desempenho de duas funções. Por um lado a criação de um projecto, definindo caminhos e estruturando modelos de trabalho, por outro lado com funções ao nível do treino, preenchendo uma parte dos recursos disponibilizados pelo modelo adoptado para as Selecções Nacionais.
Assim sendo, porque não sei funcionar de outra forma, empenhei-me em colaborar na construção do modelo em que acredito, mesmo que eu próprio pudesse vir, em determinado momento, a deixar de fazer parte dele. Foi nesse sentido, tendo em conta que se vislumbrou a possibilidade de, mais cedo do que pensávamos, podermos avançar com um passo importante ao nível da equipa técnica, que solicitei ao Sr. Presidente da FPE a anulação do pedido de prorrogação da minha requisição, uma vez que não considerei as funções técnicas que exerço suficientes para a manutenção de um trabalho a tempo inteiro. Quero com isto dizer (para quem possa ter interpretado o oposto) que não deixei de acreditar no projecto apresentado em Outubro de 2007 e que este é o passo seguinte no muito caminho que ainda falta percorrer. Um caminho que não é fácil, principalmente ao nível do desporto de alto rendimento, e que, provavelmente, mais do que as tais “condições” que todos nós reclamamos sempre estarem a faltar, precisa que todos nós consigamos dar um passo muito mais importante e que nada tem a ver com paradas, respostas, fintas e contra-ataques.
“Basta” conseguirmos… ou pelo menos tentarmos, deixar de pensar que estamos certos e os outros todos estão errados e que quando alguém tem ideias diferentes das nossas é porque o faz em benefício de alguém e prejuízo de outrem. Retirar-me-ei agora da “Esgrima falada”, para poder dedicar o meu tempo fora da minha profissão apenas à “Esgrima das paradas, respostas, fintas e contra-ataques. Boa época para Todos Em Guarda. Prontos? Continuar.
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