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Diário do Nuno


Elementos que não podemos controlar. PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Foi com alguma surpresa que assisti ontem na RTP1 por volta das 19h30 a um programa sobre o trabalho de José Mourinho como treinador. Imaginava eu que iríamos estar perante uma daquelas "vendas de imagem" quando me deparei com um programa estilo BBC, com um investigador analisando os diversos comportamentos do técnico enquadrado por um psicólogo especializado em comportamentos de liderança, a partir de uma entrevista directa com Mourinho. Um daqueles programas que, não fosse a dimensão do protagonista, passaria no Canal 2 lá para as duas e tal da manhã sem nenhum aviso prévio.
Bafejado pela sorte de me encontrar em casa naquele momento aproveitei para tirar alguns apontamentos.
A determinada altura o investigador questionou o Psicólogo quanto à obsessão de Controle de José Mourinho e da relação desse Controle com a sua Confiança. Ao que o especialista respondeu que o "segredo" de Mourinho, que se traduz numa confiança inabalável mesmo nos momentos de fracasso, é destinguir claramente o que é controlável daquilo que não o é. Dizia ele que o Técnico Português sabia bem que não poderia controlar - "...lesões, uma má decisão do árbitro, o tempo..." - e concentrava toda a sua energia nos pormenores que se podem controlar, aceitando o fracasso quando inevitável mas mantendo a sua Confiança intacta.
Partindo desta análise verificamos que muita da insegurança que transportamos nos momentos das grandes competições de Esgrima advém da tentativa de controlar o que não é controlável - o nível da Poule, o tipo de jogadores (altos/baixos; rápidos/lentos; canhotos/destros; punho anatómico/francês...), o posicionamento no quadro dos adversários que mais tememos, etc. - baixando os nossos níveis de Confiança quando estes factores não nos saem a gosto.
De facto, em competição, o atirador tem que confiar no seu sistema de jogo (com as várias adaptações segundo as características dos adversários), concentrar todos os esforços em tomar as decisões estratégicas mais adequadas a cada momento e consolidar a sua Confiança no Controle de todos os pormenores controláveis: empenhamento nos treinos, descanso adequado, alimentação cuidada, preparação do material e estudo das características dos seus adversários (prévio ou no local).
Quando conseguimos realizar todos estes passos estamos sempre na máxima força. Na melhor forma possível com as condições do momento, não baixando assim a nossa Confiança... com elementos que não podemos Controlar.

 
A alegria dos passos intermédios. PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
No trabalho de fim de curso, que desenvolvi no âmbito da Psicologia do Desporto, dediquei-me ao estudo da Tomada de Decisão na Esgrima. O documento final era composto por uma revisão de literatura, um trabalho experimental, uma análise conclusiva e uma proposta de continuação para a investigação.
No dia da apresentação do trabalho o Professor Sidónio Serpa, referindo-se à proposta de continuação de investigação, disse-me que tinha sido pouco ambicioso pois tinha proposto a continuidade do trabalho assente em instrumentos já existentes que me permitiriam apenas avançar uns "passinhos" que, segundo ele, eram bem mais curtos do que as minhas pernas. Dizia ele: "Caro Nuno. Na vida produzimos cerca de 70% dos nossos sonhos por isso... não te acanhes a sonhar".
O problema deste processo é que no caminho para o sonho vamos sempre ficando satisfeitos quando avançamos um bocadinho e é necessário estar atento para não nos acomodarmos.
Em 1989 o Espanhol Pereira foi Campeão do Mundo de Espada. Até então nunca tinha alcançado uma final numa Taça do Mundo e de repente estava na pista central ao lado da Elite Mundial. Eliminou o Francês Langlet, seguidamente o fenómeno Russo Kolobcov e na final inverteu uma desvantagem de 3/6 face ao Italiano Cuomo sagrando-se assim Campeão do Mundo.
Não tenho grandes dúvidas que, desde cedo na competição, Pereira teve que controlar o sentimento de satisfação para não perder rendimento a partir do momento em que o seu desempenho já se traduzia num resultado de excelência.
O Sonho está definido, o caminho também e assim como os momentos maus não serão mais do que meros obstáculos, também não seremos travados pela... alegria dos passos intermédios.
 
Contornar o problema... PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
O Desporto tem um conjunto de particularidades muitas vezes difíceis de compreender de forma racional.
Como Sportinguista que sou habituei-me a ouvir, e assistir, a umas dificuldades futebolísticas constantes na deslocação do "meu" clube ao campo do Boavista criando uma "tradição" de muitos anos sem ganhar independentemente do bom ou mau momento de forma da equipa.
Uma dificuldade que não encontrava explicação na forma do campo (rectangular como todos), dimensões da bola, número de jogadores ou posicionamento das balizas. Mas era de facto uma dificuldade real, como que uma "barreira" que impedia o sucesso mesmo quando tudo apontava para tal.
A Esgrima não foge à regra. Todos nós temos os nossos "adversários de estimação" com quem, independentemente da existência ou não de grandes diferenças de valor, "emperramos" de forma mais ou menos constante cimentando-os como obstáculos intransponíveis.
Não se pense no entanto que este fenómeno é exclusivamente nacional. Contava o Mestre Horvath que o seu compatriota Kovacs, espadista de Top-Mundial, era a "barreira" do Francês Eric Srecki também ele pertencente à Elite Mundial. Os resultados entre ambos eram quase sempre muito desnivelados demonstrando uma incapacidade do Francês de se opor ao Húngaro.
Em 1992 nas vésperas dos Jogos Olímpicos de Barcelona Srecki dizia a um jornal Francês: "Alguém elimine Ivan Kovacs e eu serei Campeão Olímpico" demonstrando uma grande confiança no seu valor mas transportando a preocupação de uma "barreira" que se tinha criado com o tempo.
Eu próprio coleccionei alguns "adversários de estimação". Bruno Carvalho foi um deles. Diversas foram as vezes que nos defrontámos, umas vezes um mais forte que o outro, muitas vezes os dois em equilíbrio de forças, mas contam-se pelos dedos de uma mão as vezes em que o venci em oposição a um elevado número de derrotas.
Para fazer face a este fenómeno o primeiro passo é identificá-lo. Reconhecer que as dificuldades de determinado embate nem sempre são sinais de mau desempenho técnico-táctico mas sim fruto de uma antecipada aceitação de incapacidade de resolver os problemas criados pelo adversário. Concentrar na tarefa alterando, se necessário, estratégias e acções é a solução na procura dos toques necessários para a construção das vitórias.
...já agora, em Barcelona, Eric Srecki e Ivan Kovacs encontraram-se nos quartos de final e... Srecki foi Campeão Olímpico... mesmo sem ter que contornar o problema.
 
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Diário do Nuno
Escrito por Nuno Frazão   
Segunda, 10 Outubro 2005 00:00
A Esgrima trouxe-me momentos inesquecíveis.
Deu-me a conhecer o Mundo e com isso aferir o conceito de realidade, pôs-me à prova em situações de grandes vitórias e de duras derrotas treinando-me para os obstáculos da vida, enfim... não me ficou a dever nada face à dedicação que lhe prestei como atleta.
Tal como nas palavras que escrevi por altura do Europeu os momentos de grandes competições não me são indiferentes e, não me trazendo tristeza pelo facto de já não participa neles, trazem-me à ideia histórias gravadas na memória.
Estes Mundiais que decorrem na Alemanha não fogem à regra e, ontem, enquanto assistia na televisão à final de Espada dei comigo a vaguear pela prova de equipas de 2001 em Nimes.
Ordenados com o nº 29 lá nos dirigimos para o pavilhão, eu o João, o Bruno, o Mestre Horvath e o fisioterapeuta Alexandre, para defrontar na primeira ronda a fortíssima Áustria, nº4 do Ranking Mundial candidata a um lugar entre as medalhas.
A oposição era forte mas sentíamos que era possível fazer alguma surpresa pois o estilo de jogo dos adversários não nos era tão desfavorável como por vezes acontece com outros países menos cotados contra os quais passamos mais dificuldades.
O encontro começou de feição e para surpresa de todos entrámos para o último jogo com a desvantagem 37/38 que, dadas as circunstancias, nos parecia mais uma vantagem do que uma desvantagem pois deixava em aberto uma possibilidade que à partida era impensável.
Tal como se passa em todo o Mundo, um encontro que começou completamente despido de assistência, apenas contrariado pelo incansável Alexandre com o seu grito "DÁ-LHE" que lhe viria a dar cabo da voz até ao final deste memorável dia, estava agora apenhado de atletas e treinadores de outros países assistindo à queda dos mais fortes ante os pequenos Lusos. Fechámos 45/42 e lá seguimos para o Q16.
A Austrália era quem surgia agora no caminho e sabíamos que dificilmente haveria outra oportunidade de chegar a uma final, que era feito inédito para Portugal em Campeonatos do Mundo. Se duvidas tivesse da força que a motivação tem tinha naquele dia ficado perfeitamente esclarecido. Jogámos com tal confiança, que desde cedo atingimos 8 toques de vantagem que gerimos até ao 45/41 final.
Estávamos na final.
Já na Sala principal, um pavilhão imenso com 4 pistas elevadas e uma enorme bancada junto a cada pista, entrámos ao som do apresentador das finais, encobertos pelos enormes atletas Alemães, Hungaros, Ucranianos, Espanhóis, Franceses, Coreanos e os nossos opositores da Estónia. Em cima de cada pista um super placard - electrónico com os nossos nomes... inesquecível.
À entrada para aquele palco as palavras do Mestre foram - "este é o prémio pelo vosso trabalho. Dêem o vosso melhor e desfrutem o momento" - libertando-nos de grande pressão táctica. Mas em breve lá estávamos de resultado nivelado e queríamos era chegar às medalhas. Várias vezes recordamos a imagem do Alexandre sozinho na nossa bancada gritando "DÁ-LHE", pois na pista à nossa frente a França, equipa da casa, tinha a bancada repleta enquanto eliminava a Coreia passando às meias finais.
Para o último jogo partimos com a mesma desvantagem de 1 ponto que tínhamos tido bem cedo pela manhã ante a Áustria e eu sabia que podia recuperar frente ao experiente Kaaberma, precisava era de empatar perto do fim do tempo, pois sabia que ele não iria arriscar. Eu queria era jogar o toque decisivo.
Mais uma vez David estava prestes a derrubar Golias e o público Francês começou a deslocar-se para o nosso lado e a gritar "Porrtiugal, Porrtiugal, Porrtiugal", abafando a rouquidão do desgastado Alexandre. Um momento inesquecível.
A 20 segundos do fim perdíamos 41/42, exactamente como eu tinha desejado, Kaaberma estava encostado ao fim da pista enquanto eu pressionava preparando um ataque, até que encontro o momento certo e... atiro ao pé falhando o alvo e recebo o contra-ataque. Por vezes com o Bruno relembramos aquele toque. A ponta bateu no chão mesmo ao lado do pé, desfazendo um sonho que... quase foi realidade.
O 8º lugar final deixou-nos radiantes, mas ainda hoje sentimos que poderíamos ter feito um pouco mais. Pela noite fora festejamos com as poucas forças que a jornada nos deixou.
O desporto, tal como a vida é feito de alguns momentos de alegria, no meio de bastantes dificuldades. É preciso preservar a memória dos primeiros para estar sempre pronto para enfrentar os segundos. Até porque, como disse Angelo Mazzoni, a grande dificuldade da derrota é... saber que não será a última.

 
As pequenas coisas que nos podem tornar mais fortes. PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Os Campeonatos do Mundo de Seniores 2005 estão à porta e com eles tomam forma os sonhos de centenas de esgrimistas de todo o Mundo que se irão deslocar a Leipzig para disputar os Títulos Individuais e de equipas em Sabre, Florete e Espada.
Para os amantes da modalidade http://www.fechten2005.de/ será ponto de passagem obrigatório de 8 a 15 de Outubro para o acompanhamento de todas as informações.
Nestes momentos das grandes competições fico sempre um pouco mais ansioso mesmo já não jogando. Procuro acompanhar o mais possível o desempenho das nossos representantes e dos vários amigos de outros países que fui fazendo ao longo dos anos como atleta e cujos percursos agora apenas acompanho à distancia.
Gostava de aqui apresentar a nossa selecção mas... desconheço quais os intervenientes. Ou melhor, sei que a Espada será representada pelo Bruno Carvalho, Joaquim Videira e Hélder Borges, ouvi dizer que nas raparigas só estarão presentes a Ana Miranda e a Ana Cabral e, penso que no Florete não faltará o João Gomes mas não sei quem o acompanha. Talvez o Marco Gonçalves. Mas oficialmente, como responsável por uma Sala de Armas não vi qualquer informação.
Mais uma vez penso que perdemos uma oportunidade de criar "força interior", valorizando a participação numa Selecção Nacional num grande evento desportivo como os Mundiais, motivando os jovens para lá chegarem e dando credibilidade ao trabalho dos que atingiram esse objectivo.
Continuo a defender que temos que ser nós a valorizar o que é nosso, criando força para os nossos desempenhos e reconhecimento por parte dos nossos adversários.
Como já vai sendo hábito cá vai uma sugestão com base no que se faz lá fora. http://www.escrime-ffe.fr/SITE_FFE/competitions/leipzig/Dossier_de_presse.pdf
Não tenho dúvidas que quem faz parte deste dossier sente a força de pertencer a este documento e que os milhares de jovens esgrimistas franceses já só sonham em um dia fazer parte de uma coisa destas.
É necessário gastar algum tempo com... as pequenas coisas que nos podem tornar mais fortes.
 
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